Dicas de Cordel

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Cordel - UM TEMA PARA CORDEL

Quando me perguntam se é difícil criar uma história de cordel eu digo que não, quando temos o TEMA. Com ele os versos fluem. O TEMA pode surgir para nós de várias maneiras, como nessa história que contarei a seguir, a qual se constitui num belo roteiro para uma história de cordel.

Num certo dia da semana, que não me lembro qual, andando pelo Campus da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife/PE, deparei-me com uma cena que me chamou muito a atenção, pela expressão que havia nos semblantes dos seus protagonistas.

O pai ensinava ao filho, de aproximadamente 07 anos de idade, a andar de bicicleta. Uma bike surrada, provavelmente do pai; enorme para aquele corpo franzino de aparência humilde e frágil. O menino fazia um esforço imenso sobre o quadro da bicicleta para pedalar, enquanto o pai, segurando-a pela sela, desprendia esforço semelhante para alcançar a velocidade que o filho imprimia ao se equilibrar pelas ruas da universidade.

Eis que, ao sentir pela primeira vez que o pai havia soltado as mãos da velha bicicleta e ele conseguira pedalar alguma distância por si só, o menino olhava para trás e para frente numa alegria comovente, gritando: "tô aprendendo, tô aprendendo!" Daí, desconcentrava-se e lá ía a bicicleta se inclinando ao chão, porém, imediatamente o pai aumentava a velocidade dos passos e a segurava, recompondo o ritmo empreendido pelo filho aprendiz. O pai não abria a boca, sempre calado, em silêncio ensinava.

O desfecho da história, para mim, se deu quando o menino percebeu que, por um tempo cada vez maior, ele estava conseguindo por si mesmo dominar a magricela de ferro. Então, numa declaração solene de gratidão e reconhecimento pela dedicação do pai, ele gritou feliz da vida, em alta voz: "pai, o senhor é UM BOM PROFESSOR!"

O pai, “bom professor”, continuava calado, mas incansável em ensinar ao filho a andar de bicicleta. Oferecendo ao seu educando, tão somente as condições das quais ele necessitava para descobrir a melhor maneira de aprender.

E saí matutando comigo mesmo, que o ensino é um processo contínuo de esforço e equilíbrio, com uma dosagem imensa de paciência, persistência e amor, sem alarde.

 

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