Dicas de Cordel
CORDEL – VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS COM CRIANÇAS.
Depois de muito tempo indo às escolas públicas e privadas, universidades, fundações e outras instituições para falar sobre o cordel, sua história, sua estrutura poética e também sobre a minha história, minha produção de poesia e da arte como um todo. Nunca senti nenhuma dificuldade nessas falas que faço, intercalando-as sempre com declamações e cantos à capela, de maneira que o momento é conduzido numa dinâmica boa para mim e para os expectadores.
Entretanto, antes, quando se tratava dos pequenininhos, sim, dos miudinhos mesmos, cinco anos, por aí, eu sentia uma dificuldade enorme para atrair a atenção deles e me comunicar.
Até que Deus me fez entender que crianças dessa idade não são afeitas a conversas, tipo palestras com bla, bla, bla; bla, bla, bla. Elas gostam é de histórias e de interagir também. Certo, até aí tudo bem! Mas eu não sou daqueles que me visto com roupas coloridas, boto peruca, pinto o rosto ou uso alguns penduricalhos, fantoches e outros agregados. O meu jeito é no tradicional mesmo, no máximo o chapéu que já uso no dia a dia e em qualquer lugar e só.
Então, entendendo isso, mudei a forma para os pequenos. Numa determinada escola municipal do Recife, depois de me apresentar rapidinho, declamei para eles umas duas histórias curtinhas de cordel e os convidei a ouvir em silêncio uma história mais longa, A Festa da Galinha, um cordel rico de detalhes e de personagens performáticos, o qual demora uns quatro a cinco minutos de contação declamada. Combinei que quando eu terminasse, eles iriam fazer perguntas e dar opiniões acerca da história. Fui surpreendido, no final, com tanta interação. Diversos personagens da história foram questionados, orientados a agirem de outro jeito, cada intervenção melhor do que a outra. Personagens secundários ganharam status de principal pela forma como agiram diante das circunstâncias. Outros decepcionaram – como é que o leão fugiu por causa da pulga? Como é que pode? Ele devia ter pulado na água, ou mesmo deitado na areia, se esfregado no chão! Derrubava a ela e pulava em cima, mas fugir, que coisa! – Interação pra mais da conta.
Bem, se junto com as professoras não decidíssemos encerrar o evento num determinado momento, estaríamos lá até hoje, discutindo as questões que foram levantadas por eles. Fantástico. Agora é meu público preferido! Rsrsrs!